Laecio Barreiros – VP L&Barreiros Controladoria
Esta semana entrevistei em meu programa o Laécio Barreiros, um jovem de 47 anos, 30 anos de carreira, Contador com MBA em Controladoria Financeira que atuou como Executivo de Finanças e Controladoria em empresas de renome como: GE Capital IT Solutions / IBM Brasil (Divisão Ivix Sistemas ) Zurich Seguros, Rhodes ( Grupo IVARS Italy ), Estanplaza Hotels, McDonalds, Manah (Bunge), Moore Brasil, entre outros.
Desde 2001 o Leo dirige a L & Barreiros Controladoria que desenvolve projetos de Gestão do Desempenho, Processos de Controladoria e Finanças com foco em Empresas de Pequeno e Médio Porte – PME´s.
Ele é também membro da AMCHAM (Câmara de Comércio Brasil Estados Unidos) , Associado do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa)onde é membro do conselho de contabilidade e finanças.
Purcino: Laecio, fale sobre a L & Barreiros Controladoria:
Laecio: A L & Barreiros é uma consultoria boutique em gestão, controladoria, finanças e melhoria de desempenho com foco em pequenas, médias empresas (PME´s ) e empresas familiares. O conceito de boutique nos permite focar em poucos clientes com um serviço diferenciado e de qualidade para cada projeto no qual estamos envolvidos.
O nosso diferencial é permitir que Pequenas e Medias Empresas – PME´s tenham acesso a modelos de Gestão e Excelência utilizados nas Grandes empresas Nacionais e Multinacionais
Purcino: O que é o Business Check-up?
Laecio: É um diagnostico da situação presente da empresa como um todo, onde entendemos a empresa como um corpo humano, onde identificamos os pontos que necessitam de uma ação especifica de controle ou melhoria, o objetivo assim como na vida pessoal é mostrar como esta a saúde da empresa.
Com esse diagnóstico em mãos, temos condições de avaliar as áreas débeis, as fortalezas e temos condições de começar a propor um planejamento estratégico e tático-operacional para a mesma.
Iniciamos entrevistando as pessoas, conhecer como funciona cada área da empresa, como os produtos são definidos, fabricados e distribuídos no mercado, inclusive procurando entender em um primeiro momento como é a estrutura de custos desses produtos (particularmente), assim como a estrutura de custos da empresa como um todo.
Caso seja uma empresa de serviço, o passo a passo da análise é o mesmo.
Entendido como funciona a empresa, preparamos um plano tático de forma a dar condições para os ajustes necessários, se houverem que ser feitos, em uma empresa já existente.
Reconhecidas e aprovadas todas as indicações pela direção da empresa, seja ela do tamanho que for, partimos para a elaboração do plano de negócio, já iniciando neste momento o planejamento financeiro da empresa.
Podemos terminar com o planejamento ou também trabalhar com uma assessoria para a implantação do projeto, inclusive treinamento os funcionários da empresa para poderem caminhar sozinhos no futuro.
Purcino: O cliente tem que saber como andar sozinho, pois ele não ficará a vida inteira dependendo de uma consultoria externa. Como você trabalha essa fase do projeto?
Laecio: O ideal é realmente organizar o planejamento estratégico em parceria com o cliente, transformar as ideias em um planejamento tático – operacional com metas mensuráveis a serem obtidas e paralelamente treinar seu pessoal para que eles possam andar com as próprias pernas.
Para nós é importante ser parceiro e estar junto com o cliente em todos os momentos de medição de resultados, interpretação dos relatórios de desempenho e, uma vez que ele já sabe como fazer isso sozinho, trabalhar com ele os projetos de inovação e crescimento financeiramente sustentáveis.
Purcino: Quais são os relatórios gerenciais básicos e os mais importantes para que o pequeno e médio empresário possa enxergar a situação financeira da sua empresa e qual será a sua capacidade de lucratividade no período?
Laecio: Preferimos não inventar a roda e seguir o mais básico possível. É muito comum o empresário não ter um fluxo de caixa. Logo, o primeiro ato é incutir na cabeça do empreendedor que ele precisa administrar a empresa a partir de um fluxo de caixa diário, semanal, mensal e um projetado que será sempre comparado com um realizado para as comparações e devidas correções de rota quando necessário.
Logo depois vem as análises financeiras, quando os ensinamos a trabalhar com a negociação e demonstração de resultados e todas suas variáveis. Daí partimos para a análise dos balanços da empresa e consequentemente mostramos onde estão os problemas na contabilidade do cliente.
Em uma segunda etapa começamos a implantar indicadores de desempenho,
Purcino: Considerando o que você comentou até agora, percebo que hoje em dia o contador tem que ser mais um assessor na gestão do negócio do que um simples lançador de impostos e custos fixos e variáveis nas contas da empresa, fazendo mais ou menos a gestão do RH inclusive.
Laecio: O famoso despachante de impostos.
Purcino: O contador hoje tem que dar os indicadores de desempenho para o empreendedor, deixar de ser o lançador de números para ser um controler.
Laecio: Hoje tanto a grande como a média empresa precisam de uma atuação efetiva do controler, muito mais do que antigamente. Veja bem, hoje em dia a concorrência é cada vez mais acirrada já que o modelo de gestão de negócios tem mudado. O empresário que sabia tocar o seu negócio na década dos anos 90 tinha um cenário de mercado totalmente diferente do atual. A inflação era elevada, os juros eram galopantes, a mão de obra era abundante, a concorrência era menor, o seu concorrente estava aqui dentro somente. Isso acabou!!!
Hoje, o empresário de 2010, 2011, 2013 ele tem uma conta maior, uma concorrência maior, não é só a concorrência interna, mas a influência da concorrência internacional, e consequentemente ele também terá mais acesso ao mercado externo. Por consequência, a política tributária também passou a ser mais agressiva, A mão de obra que era abundante, agora falta mão de obra especializada no mercado.
Há sim uma necessidade premente de atualização do empreendedor ou do gestor de atualizar-se, reciclar-se em seus métodos e conceitos. Nós da L & Barreiros nos especializamos em oferecer essas ferramentas aos nossos clientes. O gestor tem que aproveitar essa oportunidade que o próprio mercado está oferecendo para ele.
Purcino: Falando em oportunidade, li em seu blog uma parábola na qual você fala: Quer empreender? Mate a sua vaca leiteira. Explique essa parábola que, para mim, mostra muito bem porque muita gente erra ao iniciar um negócio.
Laécio: A ideia é sair da zona de conforto de cada um. Esta é minha versão:
Conta-se que certa vez, o mestre e seu discípulo foram recebidos com muita hospitalidade por uma família muito pobre que vivia em um sítio. “Tiramos todo o nosso sustento desta vaca”, explicou o pai apontando para um frágil animal. “Seu leite é a nossa fonte de proteína e quando sobra, vendemos o excedente na cidade”, disse.
Assim que a visita terminou e saíram do sítio, o mestre ordenou ao seu discípulo que voltasse, e na calada da noite, levasse a frágil vaca da pobre família para o brejo. “Mas Mestre, além de criarmos uma nova gíria, a vaca irá morrer, pois não terá forças para sair de lá!”, avisou o discípulo. Mas o Mestre estava irredutível. Muito contrariado e triste, o discípulo cumpriu a ordem.
Anos depois, como o peso na consciência não passava, o discípulo voltou para pedir desculpas. Mas ao chegar tomou um susto. Viu uma residência confortável, bons carros na garagem e uma família saudável e feliz. “O que aconteceu?”, perguntou ao mesmo sitiante.
“Há alguns anos nossa vaca foi para o brejo e, infelizmente, a perdemos. Sem opções, tivemos que aprender novas habilidades para o nosso sustento e descobrimos que poderíamos fazer muito mais coisas. Passamos a tirar leite de pedra!”, explicou.
“Mais uma nova gíria”, pensou o discípulo. Mas entendeu a lição do seu Mestre. Estórias assim representam a trajetória de milhares de empreendedores. Mas os visionários encaram a vaca de outra forma.
J. A. Purcino e Laécio Barreiros – Programa Caminhos de Sucesso
Purcino: Quais são os principais obstáculos das PME´s emergentes?
Laecio: Na pesquisa anual Deloitte e Exame PME das Empresas que mais crescem, eles apontam os principais vetores do crescimento para aumentar a competitividade das pequenas e medias empresas e elevar as taxas de crescimento.
É preciso passar pelos obstáculos que o “Custo Brasil” impõe a essas organizações emergentes.
De acordo com as respostas das 336 empresas da amostra da pesquisam os desafios do ambiente de negócios que mais incidem no aumento de custos, e que demandam mais esforços por parte das organizações e são eles.
- 44% Sistema Legal e tributário
- 30% Legislação trabalhista
- 7% Captação de recursos
- 7% Condições de inovação
- 6% Cadeia de suprimentos
- 5% Ambiente econômico e demográfico
- 1% Comercio exterior
Purcino: Voltando um pouco ao início da nossa entrevista, sabemos que no Brasil, infelizmente, ao redor de 70% das micros e pequenas empresas fecham as suas portas antes dos primeiros 5 anos de vida. O que fazer para evitar que a nova empresa seja parte deste percentual?
Laecio: Esta é uma realidade dolorosa, mas se examinarmos as causas, podemos partir daí indicar algumas soluções e ações:
- Quais são seus ativos?
- Qual é o valor das contas a pagar?
- Quanto custa vender?
- Qual é a sua margem de lucro bruto?
- Como anda a relação entre dívidas e ativos?
- Qual é o tempo médio de cobrança das contas a receber?
- O que está acontecendo com o estoque?
Purcino: 8- Quais são as causas mais comuns que levam essas empresas à falência?
Laecio: São vários fatores, entre eles, os mais comuns são:
- Falta de planejamento;
- Problemas pessoais dos proprietários;
- Comportamento empreendedor pouco desenvolvido;
- Gestão deficiente do negócio (controle);
- Acesso a politicas de apoio e linhas de credito;
- Evidente que o custo Brasil tem impacto, mas deveria ser uma variável já conhecida e tratada.
Purcino: Quando é o momento ideal para que o empreendedor ou gestor faça o seu planejamento financeiro com uma visão sólida e como trabalhar o crescimento sólido da empresa sem correr riscos?
Laécio: A empresa é como um corpo humano. Não adianta nada ser uma pessoa musculosa, braços, pernas, coluna ótimos, capazes de carregar um caminhão mas com um coração não funcionar bem. Todos os órgãos tem que manter um equilíbrio para um funcionamento perfeito.
O ideal é que o plano de negócio seja feito sempre no final do ano projetando o ano seguinte, extraindo o máximo possível dos resultados do ano que está finalizando. Com dados de dois ou três anos ele conseguirá determinar a capacidade produtiva dele, o seu desempenho histórico de crescimento, o seu desempenho de crescimento (ou não) de participação no mercado, o seu desempenho nos custos da empresa, mapear os seus concorrentes, avaliar seu crescimento vs os indicadores externos como o PIB geral, o PIB do seu segmento de mercado, as taxas de juros, vai juntando todas as variáveis e colocando como premissas para planejar o seu crescimento.
O fator de crescimento tem que ser definido inclusive tendo em vista a capacidade produtiva (de produto ou serviço), para saber se os 10% de crescimento esperado ou desejado não irão implicar em necessidade de investimento na empresa, o que poderá definir que o objetivo não será alcançado no seguinte ano mas em dois anos de trabalho.
Purcino: Você comentou que existem dois tipos de empreendedores, O de oportunidade e o de necessidade. Qual a diferença entre o empreendedor de oportunidade e o empreendedor por necessidade. São dois perfis interessantes e que pelo seu conceito já provocam problemas na gestão estratégica da empresa. Por que?
Laecio: Realmente existem dois tipos de empreendedores, vejamos:
O empreendedor de necessidade, que é aquele que precisa empreender para ganhar o seu sustento do dia a dia. Esse empreende por falta de opção.
Existe o empreendedor de oportunidade, que é aquele que consegue enxergar uma oportunidade e tem capacidade e capital para tal empreendimento.
Purcino: Qual é o risco de não ter o capital para abrir o negócio e cair na roda financeira?
Laecio: Curto e grosso, é entregar todo o esforço e resultado do trabalho, que é o lucro e geração de caixa, para quem esta financiando ( Bancos e outros ), aqui o segredo é incluir o custo financeiro na formação do preço de venda.
Purcino: O que é estudo de viabilidade econômica. Todos tem que fazer um todo ano ou só no momento da formatação da empresa?
Laécio: É a bussola do empreendedor, também chamado de plano de negócios, budget (orçamento). Ajuda a manter no foco e disciplina da execução dos planos e realização das metas, mostra com antecedência o comportamento da empresa. É ação necessária e deve ser feito anualmente e acompanhada mensalmente através do realizado para corrigir distorções ou aproveitar oportunidades. Usar as ferramentas de gestão financeira ( DRE, DFC, etc.)
Purcino: O que deve ser considerado no estudo de viabilidade econômica da empresa?
Laecio: É preciso levar em consideração vários fatores, todos eles muito importantes e que devem ser considerados sempre que uma análise detalhada da empresa for feita.
Esses fatores são:
- Mercado, público alvo, concorrência, clientes e oportunidades para conhecer o tamanho e potencial e volume de vendas.
- Verificar se ha sazonalidade, ou algum vetor que comprometa as vendas ( ex: avanço tecnológico.
- Conjuntura econômica ( PIB, Dólar, Selic, etc. …)
- Tributação, planejamento tributário.
- Capacidade produtiva e entrega.
- Fontes de financiamento, C. Giro.
- Custos Fixos e Variáveis.
- Taxa de Retorno (Lucro Desejado).
Purcino: E o famoso ponto de equilíbrio, o que vem a ser? Como fazer para visualizar como está o seu desempenho e se você se encontra trabalhando com a margem de contribuição suficiente para manter o seu negócio viável?
Laécio: De uma forma simples, é momento aonde sua receita encontra o equilíbrio para suportar e pagar seus custos fixos e variáveis. Ou seja, quando seu lucro é igual a zero. Sendo que o caminho para isso (P.E.) é o acompanhamento mensal, através das Demonstrações Financeiras.
Purcino: Para finalizar, qual é o peso dos impostos no custo da PMEs e Micro Empresas?
Laécio: Hoje com o simples Nacional, a carga tributaria para a PME já não é o vilão empresas que faturam ate 3,6 milhões pagam em uma única alíquota que varia conforme uma tabela que vai de 4% ate 15% s/o faturamento, com a vantagem de não ter sob a folha de salários o INSS patronal de 26%.
O maior impacto mesmo é o custo Brasil. Não esquecendo que os impostos devem estar na formação do preço do produto.
Purcino: Como sobreviver com esse custo Brasil?
Laécio: Com certeza este é o maior vilão, que acaba travando a economia.
Penso que o antidoto, seja o equilíbrio econômico financeiro, inovação, disciplina e utilização das técnicas de gestão e controle, para manter-se competitivo embutindo todos os custos no preço… Estar sempre alerta e ao menor sinal de perda de rentabilidade, avaliar a troca de mercado, buscar novos clientes, produtos.
Não deixar o gerente do banco avisar que seu negócio esta indo mal, as rédeas da gestão são suas …
Administrar uma PME é uma tarefa muito difícil, você está sempre sozinho, tendo que tomar decisões sobre temas que nem sempre domina. Sempre digo que a gestão de uma PME é muito mais difícil do que uma Grande Empresa. Na grande você tem equipe, há sempre um grupo de técnicos para orientar na decisão, na PME na maioria das vezes é só o Empreendedor.
Caso você queira ver a entrevista completa, basta acessar os links do Programa Caminhos de Sucesso:
Bloco 1: A importância do Planejamento Financeiro: http://mais.uol.com.br/view/14250385
Bloco 2: O custo Brasil: http://mais.uol.com.br/view/14250375
Esta é uma transcrição interpretativa da entrevista do dia 11/1, que foi ao ar na TV Geração Z.
José Antonio Purcino
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